quinta-feira, 9 de maio de 2024

As artimanhas de Boca de Álcool... n3

Já se formavam torcidas para os dois lados e o clima estava tenso. No meio da peleja, Boca de Álcool, em desvantagem, lançando mão de sua esperteza, pediu para ir ao banheiro. Sob vaias e gritos de "vai correr!", foi ao banheiro, dando essa pausa estratégica.

Na volta, já com o ambiente menos tenso, avistou um camarada que havia compartilhado uma experiência na rodoviária uns tempos atrás. Antes de voltar á sua mesa, foi ao encontro do rapaz:

  • - Amigo, você se lembra de mim? Boca de Álcool abordou.
  • - Opa, eu? O dito-cujo perguntou espantado.
  • - Sim, o senhor mesmo. Lembra do dia la na rodoviária, que eu te livrei de uma multa e você ficou de voltar pra cumprir nosso combinado? Até hoje to esperando.
  • - Eita pau pereira! Exclamou o rapaz, incrédulo de tê-lo reencontrado. - rapaz, eu tive uns problemas e acabei não conseguindo voltar no dia, mas passei por lá outras vezes e não te vi mais.
  • - De fato, ando pouco por lá, e como você não cumpriu sua palavra, não voltei mais. Tive certeza que se tratava de mais um tapeador. Meu patrão, eu me deparo com esse tipo de gente todo santo dia. Mas não se preocupe, não vim cobrar a dívida. Quero só saber o nome da pessoa que me enrolou.
  • - Não era minha intenção, major. Eu não minto quando digo que tive problemas naquele dia e que tentei encontrá-lo. Meu nome é David, mas não sou tapeador. Venha! Pode beber aqui comigo que eu pago o que você consumir.

As artimanhas de Boca de Álcool... n2

Em um sábado à noite qualquer, Boca de Álcool encontrou com uma figura também muito peculiar da região, o famigerado Roncoi. 

Segundo a mitologia que acompanha a boemia local, ele atende por essa alcunha devido a um problema de saúde, em que ele precisou extrair um de seus testículos. Alguém o chamou de Roncolho, num passado recente, e com o tempo esse termo se tornou Roncoi. Para incrementar a estranheza da situação, Roncoi guardava consigo o testículo outrora extraído.

Nesse raro encontro folclórico, enquanto bebiam no Bar do Arlindo, lá pras tantas da madrugada, Boca de Álcool, com fome e afim de garantir um tira-gosto, em um lampejo de genialidade (rsrsrs) sugeriu uma aposta a Roncoi:

- Grande Roncoi, to liso e queria desenrolar um tira gosto. Você pode me emprestar 6,00 contos pra eu tomar um caldinho de peixe?

- Boca, to com pouco dinheiro. Acho que só dá pra garantir meu tira-gosto.

- Mas homi. Me empresta ai, te pago amanhã.

- Dá certo não, Boca.

- Então vamo no carteado? Se eu ganhar você me empresta, se eu perder não perturbo mais hoje com isso e amanhã garanto a primeira lata de cana.

- truco? – Roncoi perguntou animado.

- Isso mermo, quem vai ta aqui. Disse Boca de Álcool.

- Tenho outra idéia: se você ganhar, eu te dou os 6 conto, mas se você perder, voce vai comer meu testículo, eu peço pra Arlindo botar só na churrasqueira.

- caralho, boy, tem como isso não!

 

Depois de muito pensar, a fome falou mais alto e Boca de Álcool aceitou a aposta.

 

Arlindo trouxe o baralho e o jogo foi se desenvolvendo... Os demais ébrios do local aglomeravam-se ao redor da mesa deles,

sábado, 4 de maio de 2024

Crônicas em tiro curto - Juri popular

Um tempo atrás, quando eu morava em outro condomínio, bem popular como o que moro hoje, havia um vizinho que destoava totalmente do padrão, ele tinha uma Ferrari que não custava menos que cinco vezes o valor padrão desses apartamentos.

A curiosidade de todos foi aguçada quando em um certo dia, a rotina foi interrompida por uma operação policial. A polícia Civil e a Polícia Militar entraram no bloco desse dito condômino. Todos os vizinhos se juntaram para ver ele ser preso, todos estávamos certos de que ele era envolvido com algum ilícito. Essa operação policial era apenas a confirmação que faltava.

Então, quando a polícia chegou na porta do apartamento e invadiu, ninguém entendeu o que estava acontecendo, entraram no apartamento vizinho ao dele e ignoraram o nosso suspeito.

Inesperadamente, prenderam um camarada muito conhecido entre os moradores, trabalhava como professor e era extremamente boa praça.

Todos pensávamos que polícia havia errado o alvo, mas, depois descobrimos que o professor era realmente um dos traficantes barra-pesada.

Logo após toda a operação, o vizinho da Ferrari saiu, pegou o carro dele e foi embora. Para agravar e reforçar nossa tese, ele nunca mais voltou para o apartamento.

Jamais teremos nossa tão esperada confirmação dos crimes que ele praticara. A polícia não voltou mais no condomínio.

Se na realidade ele era culpado ou inocente não interessa. Entre nós já temos o veredito.