As 11h da manhã na rodoviária nova, na Cidade da Esperança,
enquanto parei para comer um salgado pra não ter uma turica, um sujeito me
aborda. Eu, já estressado e com fome, achei que bastava apenas dizer que não
tinha dinheiro e pronto. Engano meu... esse camarada me fez uma proposta e eu,
pedindo a Deus que ele fosse embora, mas com o inconsciente mandando eu ser
educado, disse:
- Pois não?
Então ele disse:
- Comandante, tenho aqui 30 centavos, preciso chegar a 3,00
reais para tentar comprar uma “latinha”.
Eu, achando engraçado a sinceridade, inventei de dá corda.
- Tu vai tomar cachaça num calor desgraçado desse? Quase de
meio-dia?
- Bora ver?
- Eu não duvido, apenas admiro sua disposição.
- Pois vamos fazer o seguinte, o senhor me ajuda com esses
2,70 e eu te ajudo ali com aquela multa.
Ai foi quando eu me toquei que havia estacionado num local
proibido e já tinha um guarda me multando. Eu corri atrás do guarda.
- Ei seu moço! Ja vou tirar o carro, num multe não, por
favor.
O caba que tinha me abordado, veio atrás de mim e ficou me
cutucando. Eu já puto da vida:
- Diz, macho!
- Major, venha aqui.
Então nos afastamos do guarda e ele me sugeriu:
- Veja só, o guarda não vai tirar a multa assim, não. O
senhor tem q molhar a mão dele.
- Homi, deixe quieto. Não sou de fazer isso e fora que eu
posso ser preso.
- Posso quebrar um galho pro senhor. Você paga uma latinha
pra mim, que eu vou lá e falo com ele.
- Se ele não aceitar, pode querer me prender por suborno.
- Prende nada. Eu que vou lá falar com ele. Se der certo,
todo mundo ganha, se ele embaçar, você diz que eu sou doido e que só me vê pela
rua, que não tem nada a ver comigo. Eu não tenho nada a perder.
Eu pensei: será que isso vai dá certo?
Então concordei:
- Major, se der certo eu tomo essa latinha com você. Ainda
boto o refrigerante e um galeto pra tira gosto.
- Fechou!